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"O Verão em que Hikaru Morreu": o desejo, o terror e os segredos da montanha

“O Verão em que Hikaru Morreu”: o desejo, o terror e os segredos da montanha

O segundo episódio de O Verão em que Hikaru Morreu mantém o fôlego sombrio do primeiro capítulo e, com maestria, começa a expandir o mistério com um equilíbrio surpreendente entre terror psicológico, tensão sexual e suspense investigativo. A obra continua se desenrolando com uma calma ameaçadora, como se cada cena fosse o prenúncio de algo ainda mais perturbador.

Logo de início, o espectador é colocado diante de entidades que surgem de forma sutil, mas já dominam o clima. A atmosfera continua densa, abafada, quase espiritual como se houvesse algo maior, antigo, observando de longe. E essa sensação só se intensifica com o aprofundamento da relação entre Yoshiki e o “novo” Hikaru.

"O Verão em que Hikaru Morreu": o desejo, o terror e os segredos da montanha
(Foto: Reprodução/Netflix)

Entre o desejo e o horror em “O Verão em que Hikaru Morreu”

Um dos momentos mais falados do episódio é, sem dúvidas, a cena no vestiário entre Hikaru e Yoshiki — um encontro carregado de tensão emocional, dúvida e desejo. A cena, que já havia causado controvérsia entre leitores do mangá, foi reproduzida fielmente pela Netflix, algo que muitos não esperavam ver em uma adaptação animada. Não é apenas uma provocação sexual, mas uma construção precisa de um sentimento confuso, quase desesperado, que mistura amor, medo e a percepção de que aquele “Hikaru” pode não ser mais o mesmo.

Essa ousadia narrativa faz com que o anime se destaque ainda mais como uma obra que não quer se limitar nem nas convenções do gênero, nem na forma como trata suas relações humanas.

A montanha vive e a vila também sabe

O episódio também aprofunda o papel da vila e de seus habitantes. Fica evidente que o desaparecimento de Hikaru não foi obra do acaso, mas consequência de uma presença antiga e ameaçadora que habita a montanha. O ritual mencionado por uma nova personagem indica que a vila sempre soube algo e tentou manter esse “algo” lá em cima, isolado. Mas agora, algo desceu.

"O Verão em que Hikaru Morreu": o desejo, o terror e os segredos da montanha
(Foto: Reprodução/Netflix)

O que torna tudo mais intrigante é a sensação de que Yoshiki também está sendo afetado emocionalmente, psicológica e talvez fisicamente. O final do episódio mostra que ele também mudou, que algo nele se quebrou, ou pior: foi invadido.

Abertura simbólica e prenúncio de um caos inevitável

Vale destacar a abertura de “O Verão em que Hikaru Morreu”, apresentada pela primeira vez nesse episódio. Esteticamente belíssima, ela antecipa um clima de melancolia, dúvida e violência contida. A trilha sonora acompanha o ritmo da narrativa: hipnotizante, arrastada, e cheia de subentendidos. Fica claro que o desfecho dessa história não será simples e talvez nem justo.

O terror começa a invadir a alma dos personagens e a nossa também

O segundo episódio de O Verão em que Hikaru Morreu não só mantém o nível, como eleva a tensão narrativa. A presença do horror cósmico, as dinâmicas emocionais entre os personagens e os segredos da vila constroem uma história que vai muito além do susto é um terror que corrói de dentro para fora.

O desaparecimento de Hikaru já não é um mistério isolado. É parte de algo muito maior, e mais antigo, que envolve rituais, possessão, identidade e desejo. A vila sabe. O público começa a entender. E o mais assustador é perceber: a coisa já saiu da montanha.

Foto destaque: Cena da abertura de “O Verão em que Hikaru Morreu” (Reprodução/Destaque)