
“O Verão em que Hikaru Morreu”: entre amor e a impossibilidade de voltar atrás
O sétimo episódio de O Verão em que Hikaru Morreu mergulha de vez no ponto mais doloroso da narrativa: a constatação de que não há retorno possível nem para Yoshiki, nem para Asako, e muito menos para o próprio Hikaru. Depois de um sexto episódio marcado pelo medo e pela fragilidade emocional dos personagens, esta nova parte funciona quase como uma reafirmação das perdas que cada um deles carrega e do peso da negação diante do luto.
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Yoshiki está no limite da devoção
O grande destaque continua sendo Yoshiki. Sua tentativa de “salvar” o novo Hikaru é um reflexo direto da famosa ilusão de quem acredita que pode mudar alguém pelo amor ou pela devoção. Mas aqui, o anime quebra essa fantasia: Yoshiki percebe que não tem controle, que não consegue transformar a escuridão que se instalou dentro do amigo. A súplica dele para ser morto pelo Hikaru não soa apenas como desespero, mas como uma rendição total ao sofrimento. O amor dele é tão profundo que se transforma em autodestruição.

Esse momento é crucial porque mostra que Yoshiki não está apenas com medo do Hikaru, ele está exausto do luto. Ver diariamente a imagem de alguém que ele já perdeu é um tormento psicológico que mina qualquer esperança de seguir em frente. O pedido de morte não é uma escolha racional, mas um grito de alguém que já não suporta mais viver nesse limbo emocional.
Asako: a herança que se perde
Enquanto isso, Asako continua sendo peça-chave para ampliar a dimensão sobrenatural da trama. A perda de sua sensibilidade espiritual após o contato com o novo Hikaru representa mais do que uma limitação prática: é a metáfora de como o “estranho” apaga as raízes e a identidade dos personagens. Ao cortar a ligação dela com os espíritos, o anime sinaliza que esse Hikaru não só ocupa um corpo, mas também corrompe memórias, dons e heranças.
Isso levanta uma pergunta inevitável: será que o Hikaru tem o poder de devolver algo que tomou, ou sua presença é apenas destrutiva? O episódio deixa essa dúvida suspensa, mas já dá indícios de que Asako pode ser uma das figuras mais importantes no possível confronto final.
Entre medo e revelação
O episódio trabalha bem o contraste entre medo e amor. Yoshiki não odeia o Hikaru, mas teme o que ele pode fazer. Esse detalhe é o que torna a relação deles tão intensa: é um laço que oscila entre a ternura e a ameaça. E esse medo se torna ainda mais relevante quando lembramos do que aconteceu com Asako se ela, com toda sua ligação espiritual, foi prejudicada, o que impede que Yoshiki seja o próximo?

A cena do pedido de morte, portanto, não é apenas um clímax dramático, mas também um presságio. Yoshiki se mostra disposto a pagar o preço máximo, e o novo Hikaru é colocado diante da escolha de assumir ou não seu papel como destruição encarnada.
Este episódio confirma ainda mais que o clímax final não será apenas sobre o que o novo Hikaru realmente é, mas sobre como Yoshiki vai lidar com a inevitabilidade da perda e qual preço ele está disposto a pagar para encarar a verdade.
Foto destaque: Cena de “O Verão em que Hikaru Morreu”. (Reprodução/Netflix)