
Crime entre idosos são impulsionados pelo envelhecimento, pobreza e isolamento na Coreia do Sul
A população de idosos da Coreia do Sul está cada vez mais presente nas estatísticas criminais, refletindo uma crise social agravada por pobreza, isolamento e falhas nos sistemas de proteção social. Com mais de 20% da população acima de 65 anos, o país entrou oficialmente em 2024 no status de sociedade “superenvelhecida”, o que intensifica desafios estruturais que agora se manifestam em um aumento alarmante de crimes cometidos por idosos.
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Aumento de crimes entre idosos
Indivíduos com 60 anos ou mais representaram 18,8% de todos os suspeitos de crimes em 2024, superando pela primeira vez a faixa dos 20 anos, que correspondeu a 18,3%. Dados da Agência Nacional de Polícia revelam que, há uma década, essa proporção era de apenas 8,8%, indicando uma tendência acentuada. Especialistas atribuem esse crescimento não apenas ao aumento demográfico, mas também à deterioração das condições socioeconômicas dos idosos. Em 2024, pessoas acima de 60 anos responderam por 33,9% dos suspeitos de furto e mais de 23% dos suspeitos de homicídio, a maioria sem antecedentes criminais e desempregada.
Pobreza e Isolamento como Fatores Centrais
A taxa de pobreza relativa entre sul-coreanos com 65 anos ou mais atingiu 39,8% em 2023, a mais alta entre os 38 países da OCDE e quase três vezes acima da média do bloco, de 14%. Cerca de 57,6% dos idosos entre 65 e 79 anos desejam continuar trabalhando, sendo que mais da metade alega necessidade de cobrir despesas básicas. O isolamento social agrava o quadro: quase um em cada três idosos que vive sozinho não tem ninguém com quem conversar. O número de divórcios entre idosos também cresce, especialmente entre mulheres, refletindo mudanças nas relações familiares.
Casos recentes, como um idoso que matou o próprio filho com uma arma caseira e outro que incendiou um trem do metrô, evidenciam o desespero e a busca por visibilidade. Bark Hyung-min, do Instituto Coreano de Criminologia e Justiça, alerta que a energia física ainda presente em muitos idosos não é acompanhada por oportunidades sociais, gerando frustração e risco de violência. A taxa de suicídio entre idosos é de 40,6 por 100 mil, mais do que o dobro da média da OCDE. Especialistas defendem políticas integradas que promovam inclusão, trabalho digno e suporte psicossocial para prevenir o agravamento da crise.
Foto Destaque: Idosos sentados em banco em Seul. Woohae Cho/Bloomberg.