
Change Street: Novo programa musical promoverá intercâmbio entre Coreia do Sul e Japão
Change Street é o nome do programa que marcará os 60 anos de relações diplomáticas entre Coreia do Sul e Japão. A celebração será feita de uma forma diferente: a emissora sul-coreana ENA lançará um show que reunirá famosos do mundo da música de ambos os países. O objetivo é promover o intercâmbio cultural através da música e fortalecer as relações e conexões entre os dois gigantes asiáticos.
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O programa Change Street está previsto para estrear em Dezembro, e já possui quatro astros sul-coreanos confirmados na produção dos episódios. Yoon Sanha (ASTRO), Hur Youngji (KARA), Hui (PENTAGON) e a solista HYNN serão os artistas que representaram o lado coreano, ainda não há informações sobre quem serão os possíveis representantes do Japão.

Change Street aposta na aproximação dos dois países
A premissa de Change Street é fortalecer a conexão entre Japão e Coreia, fazendo com que seus principais artistas tenham conversas profundas sobre as diferenças de ambas as nações. Fora do estúdio, os artistas ainda deverão se apresentar em locais que nunca performaram antes, conhecendo a cultura e tradições locais.
Até o momento não há nenhuma confirmação da transmissão de Change Street no Brasil, as emissoras responsáveis por transmitir o programa até o momento são apenas duas: ENA irá transmitir Change Street para toda a Coreia do Sul, enquanto a FUJI TV está encarregada pelo Japão.

Coreia do Sul e Japão compartilham passado turbulento
A comemoração de 60 anos das relações diplomáticas carregam um peso muito grande para ambos os países. As relações entre Coreia do Sul e Japão são marcadas por uma história de dominação e ressentimento. O principal fator é a ocupação realizada pelo Japão imperialista, que anexou a península coreana durante 35 anos (1910-1945) e impôs políticas de assimilação cultural, repressão da identidade coreana e exploração de trabalho forçado.
Entre os capítulos mais marcantes está o caso das “Mulheres de Conforto”, coreanas que eram obrigadas a trabalhar em bordéis militares antes e durante a Segunda Guerra Mundial, a prática é motivo de atrito até os dias de hoje entre as nações. O direito internacional e historiadores afirmam que os atos são considerados crimes de guerra e contra a humanidade, caracterizado como tráfico humano e estupro militarizado em massa. Apesar de o tema ter sido parcialmente reconhecido por Tóquio em momentos diversos, como no “Acordo das Mulheres de Conforto” de 2015, o Japão nunca realizou um pedido formal de desculpas, o que mantém o assunto como uma ferida diplomática aberta.

Apesar do histórico de violência e desconfiança, o pós-guerra deu abertura para a tentativa de aproximação e reconstrução dos países. Em 1965, os países assinaram o Tratado de Normalização das Relações, que estabeleceu vínculos diplomáticos e compensação financeira por parte do Japão. O crescimento econômico de ambas as partes e o contexto da Guerra Fria, com os dois sendo aliados do bloco capitalista, incentivaram uma cooperação estratégica contra ameaças regionais, como a Coreia do Norte, a União Soviética e a China.
A partir dos anos 2000, a relação entre Coreia do Sul e Japão se fortaleceram, derrubando cada vez mais as barreiras culturais. Artistas japoneses começaram a trabalhar com produtores coreanos e vice-versa, fazendo com que os países se vissem por meio da música, televisão e moda, e não apenas à história política.
Atualmente, tanto Seul quanto Tóquio têm buscado fortalecer laços culturais e diplomáticos. Change Street serve como exemplo de uma “diplomacia cultural” tentando unir povos que historicamente viviam em conflito. Uma tentativa de usar a cultura pop como ponte entre nações que ainda carregam o peso de um passado trágico e turbulento
Foto Destaque: Logo das transmissoras ENA e FUJI TV. Divulgação/ENA e FUJI TV