
Universidade Yonsei enfrenta escândalo de fraude e cresce cobrança por regras sobre o uso de inteligência artificial
O escândalo de trapaça em massa com o uso de inteligência artificial na Universidade Yonsei, na Coreia do Sul, reacendeu o debate sobre a ausência de regras claras sobre o uso dessas ferramentas no meio acadêmico. O caso, que expôs dezenas de estudantes, expôs a fragilidade do sistema de ensino de acompanhar o avanço da tecnologia dentro das universidades.
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O episódio em questão ocorreu no dia 15 de Outubro, durante uma prova online do curso Processamento Natural da Linguagem e Chat GPT, que possui cerca de 600 alunos. Mesmo sendo monitorados por vídeo, os alunos conseguiram manipular o ângulo de suas câmeras ou usar programas diferentes para enviar as questões para a Inteligência artificial gerar as respostas.

Dezenas de alunos foram pegos no escândalo
Após suspeitar do comportamento dos alunos, o professor responsável realizou uma auditoria nos vídeos e acabou evidenciando um alto número de casos de trapaça. De acordo com os representantes da faculdade, cerca de 40 alunos teriam confessado, de forma espontânea, o uso indevido de inteligência artificial, enquanto outros 10 estão sob investigação. Uma votação anônima e informal realizada por um estudante mostrou que, entre 387 discentes, 211 teriam admitido trapaça, enquanto 176 afirmaram não terem usado nenhuma ajuda.
Mesmo com a I.A. estando acessível ao público por cerca de três anos, as universidades vêm enfrentando problemas para organizar e criar políticas acadêmicas sobre seu uso na educação.
“Todos ao meu redor usam o ChatGPT ou o Gemini para cumprir com os trabalhos ou para auxiliar no estudo”, declarou uma estudante na condição de anonimato.
Em uma pesquisa realizada em 2024, pelo Instituto de Pesquisa da Coreia, 91,7% dos universitários já tiveram contato com a Inteligência Artificial para pesquisar ou realizar tarefas.
Yonsei reunirá professores e discentes para discutir IA
O caso levou a Yonsei a anunciar uma audiência pública sobre ética e IA, organizada pelo Departamento de IA e Inovação Social. O evento deve reunir estudantes e professores para a discussão do papel das novas tecnologias e quais serão as medidas adotadas pela Academia para mudar os métodos de ensino e avaliações.
De acordo com o Conselho Coreano de Educação Universitário, 77% das universidades coreanas não possuem regras e delimitações quanto ao uso de IA. As poucas medidas e diretrizes utilizadas são vagas e não possuem aplicação eficiente no sistema educacional.
No entanto, para especialistas o caminho mais adequado não seria banir o uso de Inteligência artificial nas faculdades, mas sim desenvolver seu uso de forma consciente e transparente.
“Se usar IA é inevitável, as faculdades deveriam se adaptar e avaliar como os alunos desempenham com o uso”, declarou o líder do Instituto de Segurança de IA, Kim Myuhng-Joo.
Para o especialista, os métodos de ensino e avaliação deveriam mudar e ir além do que a tecnologia poderia gerar, como realizar atividades em sala de aula ou participar de debates acadêmicos.
Foto Destaque: Universidade de Yonsei. Divulgação/Universidade de Yonsei