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Aumento de suicídios na Coreia do Sul

Suicídios na Coreia do Sul atingem maior índice desde 2011

A Coreia do Sul registrou em 2024 o maior número de suicídios dos últimos 13 anos, um dado que `evidencia a crise de saúde mental que o país enfrenta. O aumento do número de suicídios tem sido relacionado a uma combinação de pressões econômicas, sociais e culturais que pesam especialmente sobre a população na idade produtiva.

Segundo dados preliminares divulgados pela Korea Foundation for Suicide Prevention (KFSP) e pela Statistics Korea, foram contabilizados 14.872 casos de suicídio no ano passado, um aumento de 6,3% em relação a 2023, com uma taxa de 29,1 suicídios para cada 100 mil habitantes, a mais alta desde 2011. Esse índice coloca a Coreia do Sul no topo da lista dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com a maior taxa de suicídios, muito acima da média da OCDE, que é de 10,8.

Aumento de casos de suicídios na Coreia do Sul
Taxa de suicídio entre Coreia do Sul, Japão, Estados Unidos, Reino Unido e Brasil (Divulgação/OCDE)

Suicídio é principal causa de morte entre jovens e adultos na Coreia do Sul

Outro dado revelado pelos estudos é que o suicídio passou a ser a principal causa de morte entre pessoas de até 49 anos, especialmente entre indivíduos na faixa dos 40 anos, que até recentemente tinham o câncer como principal causa de óbito. Entre os grupos etários, os homens são os que mais morrem por suicídio, com uma taxa 2,5 vezes maior que a das mulheres.

A questão da saúde mental no país é profunda e complexa. Apesar de mais de 70% dos sul-coreanos relatarem sintomas como ansiedade, estresse crônico e depressão, o acesso a cuidados estruturados é limitado. O modelo biomédico dominante prioriza o uso de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos, enquanto terapias psicológicas e suporte comunitário ainda são insuficientes. Além disso, há um estigma cultural que dificulta a busca por ajuda, fazendo com que muitas pessoas sofram em silêncio.

Especialistas apontam para a necessidade urgente de políticas públicas que ampliem o atendimento psicológico, promovam a educação sobre saúde mental e diminuam o estigma social. Iniciativas de prevenção ao suicídio e campanhas de conscientização também são consideradas fundamentais para enfrentar esse desafio que afeta milhares de famílias sul-coreanas, representando um grave problema de saúde pública na Coreia do Sul hoje.

Relação entre o aumento dos suicídios e a crise da baixa fecundidade na Coreia do Sul

A alta alarmante no número de suicídios na Coreia do Sul em 2024 ocorre em um contexto demográfico preocupante, marcado por uma das taxas de fecundidade mais baixas do mundo. Embora a taxa de fertilidade tenha apresentado um leve aumento recentemente de 0,72 em 2023 para 0,75 em 2024, interrompendo uma queda que durava quase uma década, esse valor ainda está muito abaixo do nível considerado necessário para a reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher.

O crescente número de suicídios pode estar relacionado a pressões sociais e econômicas que impactam diretamente as escolhas individuais sobre casamento e maternidade. A crise mental enfrentada pela população, especialmente na faixa produtiva, pode influenciar negativamente a decisão de ter filhos, aprofundando o declínio populacional. Além disso, a instabilidade emocional e os desafios financeiros podem desestimular jovens casais a formalizarem uniões e terem filhos, refletindo no aumento do número de suicídios e na estagnação da taxa de fecundidade.

Embora houve um pequeno aumento nos casamentos e nos nascimentos em 2024, em parte pela retomada pós-pandemia, a Coreia do Sul ainda enfrenta uma “bomba-relógio demográfica”. A pressão para reverter essa tendência é dupla: reduzir a incidência de transtornos mentais graves e suicídios, ao mesmo tempo em que se criam condições mais favoráveis para a formação e o crescimento das famílias. Assim, a crise de saúde mental e o desafio demográfico são fenômenos interligados e que exigem políticas públicas integradas para garantir um futuro sustentável ao país.