
Coreia do Sul marca eleição presidencial antecipada para junho
A Coreia do Sul realizará uma eleição presidencial antecipada em 3 de junho. A definição ocorre após o impeachment do agora ex-presidente Yoon Suk Yeol, afastado por decisão da Corte Constitucional no último dia 4. O governo deve confirmar oficialmente a data em reunião do gabinete nesta terça-feira (8), após escolhê-la para cumprir o prazo legal de 60 dias desde a destituição.
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A legislação sul-coreana exige que uma nova eleição presidencial ocorra dentro desse período em caso de vacância do cargo. A escolha do dia 3 de junho, uma terça-feira, representa o limite máximo permitido. O governo também avalia transformar o dia em feriado temporário, o que motivou o encaminhamento do tema à deliberação ministerial.
Campanha deve começar em maio
Com o calendário apertado, os prazos eleitorais já estão definidos. A inscrição oficial de candidaturas começa em 11 de maio, e a campanha terá início no dia seguinte, estendendo-se até 2 de junho. Qualquer servidor público que deseje concorrer deve renunciar ao cargo até 4 de maio, respeitando o intervalo de 30 dias antes da votação.
A peculiaridade do processo é que o novo presidente tomará posse imediatamente após a apuração dos votos, sem direito a um período de transição. Assim, para tentar suavizar esse impacto, o deputado Min Hyung-bae, do Partido Democrático da Coreia (DPK), propôs uma emenda legal que permita a criação de uma equipe de transição, mesmo em eleições extraordinárias.
Segundo o parlamentar, o objetivo é “assegurar estabilidade e continuidade na administração pública”, diante do acúmulo de questões urgentes que o futuro presidente terá de enfrentar logo após a posse.

PPP e DPK se enfrentam sobre responsabilidade política
A escolha do novo chefe de Estado ocorrerá em um clima de tensão entre os dois principais partidos sul-coreanos. O DPK cobra da legenda adversária, o Partido do Poder Popular (PPP), que se abstenha de lançar candidato, como forma de assumir responsabilidade pelo escândalo que culminou na queda de Yoon, filiado ao partido conservador.
“O país arcará com um custo de quase 495 bilhões de won (aproximadamente R$ 1,8 bilhão) para realizar essa eleição. Se o PPP tiver alguma vergonha, não deve participar dela”, afirmou o líder do DPK na Assembleia Nacional, deputado Park Chan-dae.
Contudo, a crítica foi rebatida por Kweon Seong-dong, líder da bancada do PPP, que classificou a eleição como uma oportunidade de o eleitor expressar sua insatisfação com o DPK e seu principal nome, o deputado Lee Jae-myung. Segundo ele, a oposição também é responsável pela instabilidade política ao insistir em múltiplos pedidos de impeachment de autoridades do governo.
Ex-líder interino chefiará primárias do PPP
Enquanto os dois lados trocam acusações, os partidos iniciaram suas movimentações internas. O PPP nomeou o ex-presidente interino Hwang Woo-yea para comandar o comitê de prévias que definirá seu candidato. A sigla aposta em uma figura com experiência para tentar reverter o desgaste gerado pelo impeachment.
Nos bastidores, o deputado Lee Jae-myung, líder do DPK, desponta como principal nome da corrida presidencial. Além disso, ele já figurava como favorito antes da crise política se intensificar e deve confirmar sua candidatura nos próximos dias.
Ainda assim, a campanha deve ser marcada por forte polarização, sem tempo para ajustes ou reposicionamentos. A ausência de transição entre governos coloca pressão extra sobre os postulantes ao cargo mais alto da política sul-coreana.

Comparações com eleição de 2017 revelam desafios
O último processo eleitoral extraordinário na Coreia do Sul ocorreu em 2017, após o impeachment da ex-presidente Park Geun-hye. À época, a eleição foi realizada exatamente 60 dias depois da destituição, em 9 de maio, e marcou uma mudança significativa no cenário político.
Desta vez, o país enfrenta circunstâncias semelhantes, mas com desafios ainda mais complexos. Além da pressão institucional, há a expectativa de que o novo presidente enfrente imediatamente temas delicados, como as tensões geopolíticas na península coreana, a recuperação econômica pós-pandemia e a confiança nas instituições democráticas.
Analistas políticos apontam que o curto período de campanha e a ausência de transição exigirão dos candidatos um preparo técnico e emocional acima da média. O eleitorado, por sua vez, será peça-chave para definir não apenas o próximo líder, mas também os rumos da democracia sul-coreana nos próximos anos.
Com o pleito marcado para 3 de junho, a Coreia do Sul inicia um processo eleitoral inédito em sua história recente, marcado por urgência, tensão e grande expectativa pública. Além disso, a disputa deve se intensificar nas próximas semanas, com definições partidárias, estratégias de campanha e, principalmente, o posicionamento da população diante de um cenário de instabilidade.
Foto Destaque: Comissão Nacional de Eleições em Gwacheon, província de Gyeonggi. Divulgação/Yonhap