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Debates sobre direitos aos professores viram foco na Coreia do Sul

Casos de agressão em professores voltaram a ser assunto na Coreia do Sul, após episódios de agressões e suicídios de professores.

Uma professora do ensino fundamental em Seul tirou a própria vida recentemente, pois estava incapaz de lidar com reclamações de pais exigentes. Também apareceu nas manchetes outro incidente em que um aluno do ensino fundamental agrediu sua professora, fazendo com que ela precisasse de tratamento médico.

Esses incidentes retomaram o assunto sobre a falta de apoio e proteção para os professores contra abusos e agressões. Os sindicatos de professores alegaram que os dois incidentes não são os primeiros, mas os últimos de uma série de casos que mostram a gravidade da violação dos direitos dos educadores.


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Estudante coloca flores em uma escola primária no distrito de Seocho, em Seul, por professora que cometeu suicídio (Foto: Reprodução/Yonhap)

Na manhã de terça-feira, uma professora do ensino fundamental do rico distrito de Seocho, em Seul, tirou a própria vida dentro de sua sala de aula, de acordo com o Escritório Metropolitano de Educação de Seul.

A morte da professora de 20 anos, desencadeou uma série de rumores nos fóruns online, no qual ela teria tido dificuldade em lidar com um caso de violência escolar ocorrido em sua sala de aula, o que acarretou queixas dos pais dos alunos envolvidos. Os sindicatos solicitaram as autoridades educacionais que iniciassem uma investigação completa para descobrir o que levou à morte da professora.

Oferecemos nossas profundas condolências a ela“, disse a filial de Seul do Sindicato de Professores e Trabalhadores da Educação da Coreia em um comunicado. “Pedimos total transparência na investigação do incidente. As autoridades educacionais também devem elaborar contramedidas apropriadas para garantir um ambiente educacional seguro para os professores.


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Aluno escreve mensagem para professores (Foto: Reprodução/Yonhap)

Diante disso controvérsias surgiram, o diretor da escola primária emitiu uma declaração onde nega os rumores.

O outro caso ocorreu em 30 de junho, quando uma professora do ensino fundamental no distrito de Yangcheon, em Seul, sofreu ferimentos que desencadearam três semanas de licença e tratamento após ser agredida por um menino na sexta série.

A professora escreveu em uma comunidade online que o aluno a atingiu no rosto diversas vezes e a derrubou no chão. O estudante também jogou uma tesoura e um espelho nela, enquanto os outros alunos da sala assistiam horrorizados. Após esse episódio, a professora foi diagnosticada com transtorno de estresse pós-traumático e não pode retornar à sala de aula.

Ela planeja apresentar uma queixa criminal contra o aluno, disse seu advogado, é observando que mais de 2.000 professores em todo o país enviaram petições on-line e off-line solicitando punições severas contra o aluno.


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Coroa de flores em frente a escola em condolências aos professores (Foto: Reprodução/Yonhap)

O incidente mostrou a gravidade da violação dos direitos dos professores e o enfraquecimento de sua autoridade“, disse um funcionário da Federação Coreana de Associações de Professores. “A Assembleia Nacional, o Ministério da Educação e o Escritório Metropolitano de Educação de Seul devem punir o aluno e elaborar medidas para prevenir a recorrência de incidentes semelhantes e proteger os professores.

O responsável pelo caso referiu que para além dos casos divulgados através dos meios de comunicação, existem muitos mais casos em que os professores sofrem com alunos violentos e queixas excessivas dos pais. Segundo as associações, foram denunciados 347 casos de violência de alunos contra professores em 2022, mais do que o dobro dos 165 registrados em 2018.

Segundo o relatório feito pelo Instituto Coreano de Desenvolvimento Educacional cerca de 55,8% dos 2.869 professores em todo o país citaram pais que não cooperam como um fator importante que dificulta seu trabalho.

Cho Hee-yeon, superintendente do Escritório Metropolitano de Educação de Seul, disse que está levando o assunto a sério. “A elaboração de medidas especiais é uma tarefa urgente. Vou trabalhar para revisar as leis relacionadas o mais cedo possível“, disse ele.

Foto destaque: Homenagem funerária aos professores. (Reprodução/Yonhap)