
Estudantes de medicina na Coreia do Sul voltam às aulas após um ano de paralisação
Após um ano e cinco meses de afastamento das universidades, estudantes de medicina na Coreia do Sul anunciaram oficialmente que retornarão às aulas. A decisão marca um avanço significativo rumo à normalização do ensino médico no país e ocorre após diálogos com representantes do parlamento sul-coreano e entidades da área da saúde.
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Apesar da decisão de retorno, os alunos pressionam o governo por medidas urgentes que reorganizem o calendário acadêmico e assegurem que nenhum estudante seja prejudicado.

Entenda por que os estudantes deixaram as aulas e o impacto da paralisação
O movimento de afastamento começou em fevereiro de 2024, quando o governo sul-coreano anunciou a ampliação de 2 mil vagas nos cursos de medicina. A proposta gerou resistência entre estudantes e profissionais, que acusaram a medida de ser precipitada e sem planejamento. Em protesto, milhares de alunos trancaram a matrícula simultaneamente, paralisando boa parte do sistema de formação médica no país.
Com o prolongamento da paralisação, cerca de 8.305 estudantes em 40 universidades ficaram em situação de reprovação por ausência, o que, segundo as regras acadêmicas locais, impede o retorno imediato em muitos casos. Como o sistema universitário sul-coreano opera com base anual, grande parte dos alunos só poderia retornar oficialmente no próximo ano letivo. Por isso, os estudantes pedem que o governo adote um plano de flexibilização acadêmica, permitindo a reintegração no segundo semestre.
Alunos querem ensino de qualidade, sem aceleração ou perdas pedagógicas
Durante o anúncio oficial do retorno, realizado na sede da Associação Médica Coreana em Seul, os representantes estudantis destacaram que não aceitarão “ensino comprimido” ou soluções improvisadas. Afirmaram que querem retomar as aulas com o compromisso de manter a qualidade do aprendizado, e que não estão em busca de privilégios.
A principal reivindicação é que o Ministério da Educação sul-coreano e as universidades implementem ajustes estruturais que permitam o replanejamento das disciplinas e a recuperação dos conteúdos perdidos, sem recorrer à redução de carga horária ou conteúdo acelerado. O foco é assegurar que a formação médica se mantenha robusta, responsável e alinhada com as exigências da profissão.

Parlamentares e entidades de saúde se comprometem a apoiar os estudantes
A coletiva de imprensa contou com a presença de parlamentares como os presidentes das comissões de Educação e de Saúde da Assembleia Nacional, além do presidente da Associação Médica Coreana. Juntos, eles se comprometeram a atuar junto ao Executivo para garantir um retorno seguro e coordenado para todos os alunos afetados pela paralisação.
Os representantes também afirmaram que irão trabalhar na criação de um plano emergencial de normalização do calendário acadêmico que respeite as particularidades de cada instituição. O objetivo é impedir que estudantes sejam penalizados de forma desigual, além de garantir suporte psicológico e institucional durante o processo de readaptação.
Movimento nega busca por tratamento especial e defende retomada com responsabilidade
Em resposta a críticas públicas, os estudantes reforçaram que não estão exigindo vantagens ou isenções, mas sim condições adequadas para retomar os estudos sem comprometer sua formação. Segundo a liderança do movimento, a luta nunca foi por benefícios individuais, e sim por uma estrutura educacional coerente, eficiente e transparente.
A estratégia de se distanciar da imagem de “privilégios” tem como objetivo proteger a imagem da categoria diante da sociedade coreana, que também sofreu com o impacto da crise médica prolongada no país.
Coreia do Sul encara desafio de recuperar o ensino médico com apoio institucional
O retorno dos estudantes representa apenas o início de uma reestruturação mais ampla. A normalização completa do ensino médico na Coreia do Sul exigirá um esforço coordenado entre governo, universidades, estudantes e profissionais da saúde. Estão sendo discutidas propostas como a criação de comissões de acompanhamento acadêmico e novos mecanismos de suporte ao ensino médico, com o objetivo de evitar que situações semelhantes se repitam no futuro.
Líderes do setor médico enfatizaram que este é um momento estratégico para repensar e modernizar a formação médica no país, criando um modelo mais resiliente e alinhado às necessidades do sistema de saúde sul-coreano. A retomada das aulas, portanto, não é apenas um retorno físico às salas, mas um sinal de reconstrução institucional.
Foto Destaque: estudante de medicina na Coreia do Sul durante pronunciamento. Reprodução/YouTube