Natsu Hyuga nunca teve a intenção de se tornar uma escritora, muito menos imaginava que Diários de Uma Apotecária se tornaria um fenômeno entre fãs de mangás e animes. Em uma entrevista recente, a autora foi surpreendentemente honesta ao contar que criou a história de MaoMao apenas para ganhar algum dinheiro extra, sem qualquer ambição literária. O que era para ser uma distração casual acabou se tornando uma das obras mais populares dos últimos anos.
Escrever nunca foi um sonho, mas uma forma de sobrevivência
Durante seus anos de faculdade, Hyuga escreveu contos para concursos e prêmios em dinheiro. A motivação era prática: juntar algum valor para se sustentar como estudante. Ela conta que, na época, não se via como alguém com vocação artística ou criativa. Pelo contrário, sua criação surgiu de um ambiente onde “sonhar alto” não era uma opção viável.
“Eu não me considerava uma escritora profissional. […] Durante a faculdade, escrevia contos só para ganhar algum dinheiro. Certa vez, até participei de um concurso, na esperança de ganhar um prêmio em dinheiro. Consegui juntar um pouco sendo uma aluna pobre.”
Mesmo tendo interesse por diferentes carreiras, como policial ou agricultora, sempre esbarrava em limitações da realidade. Foi esse senso de pragmatismo que moldou suas escolhas profissionais. Depois de formada, ela conseguiu um emprego comum em escritório e deixou a escrita de lado por um tempo.
“Cresci em uma família cautelosa. Já quis ser policial, mas não era alta o suficiente. Pensei em me tornar agricultora também, mas não tínhamos terras, então não ia dar certo.”
Foto: Divulgação/TOHO Animation
Um retorno despretensioso que mudou tudo
Em 2011, Hyuga voltou a escrever como um passatempo. A ideia original que deu origem a Diários de uma Apotecária era completamente diferente. Ela criou uma trama sobre três mães envolvidas em um mistério de envenenamento numa cidade mineira. A autora, no entanto, achou que ninguém se interessaria por essa abordagem. Por isso, resolveu reformular tudo.
“Um mistério ambientado em uma cidade mineira, onde três mães descobrem alguém que morreu envenenado, mas imaginei que ninguém iria querer ler isso.”
Foi aí que surgiu MaoMao, uma jovem com habilidades em fitoterapia que trabalha como apotecária. A mudança de perspectiva foi essencial para que a história ganhasse mais apelo entre o público, especialmente o jovem. Apesar disso, Hyuga confessa que não possui conhecimentos profundos sobre plantas medicinais e baseou a maior parte do enredo em informações que considera “básicas” ou de senso comum.
Foto: Reprodução/Crunchyroll
A inspiração histórica por trás da personagem principal de Diários de Uma Apotecária
Uma das poucas referências diretas que Hyuga cita é a Imperatriz Wu Zetian, figura histórica que governou durante a Dinastia Tang. A autora se interessou por ela ainda na escola, o que motivou pesquisas e leituras que acabaram influenciando o cenário de sua obra. O universo de Diários de uma Apotecária, embora ficcional, carrega elementos culturais e históricos que enriquecem a narrativa.
“Eu me interessei muito pela Imperatriz Wu Zetian na escola. Ela governou durante a Dinastia Tang. Continuei pesquisando sobre ela e, a partir daí, aprendi muitas curiosidades sobre fitoterapia.”
Esse interesse por temas históricos, mesmo que tratados de forma acessível, colaborou para criar uma ambientação autêntica e instigante, o que ajudou a atrair um público mais amplo.
O desafio de criar um final à altura de Diários de Uma Apotecária
Mesmo com todo o sucesso, Hyuga admite que ainda não sabe como a história de MaoMao irá terminar. O processo de criação segue sendo orgânico, e ela diz que está em busca de um desfecho que seja satisfatório tanto para ela quanto para os leitores. Essa incerteza, longe de demonstrar insegurança, revela o cuidado da autora em manter a coerência narrativa e emocional da obra.
“Ainda não sei como terminar a história de MaoMao. Quero encontrar um final que seja satisfatório para mim e para os leitores.”
Foto: Reprodução/Crunchyroll
Diários de Uma Apotecária: um sucesso que nasceu da simplicidade
Diários de Uma Apotecária é uma obra que rompe com os clichês do mercado editorial por sua origem pouco convencional. Criado por alguém que não se considerava escritora e que apenas buscava estabilidade financeira, o mangá conquistou fãs justamente por sua autenticidade. A trajetória de Natsu Hyuga mostra que nem todo sucesso nasce de grandes ambições, às vezes, ele floresce de forma inesperada, a partir da simplicidade e da curiosidade.
Ao transformar uma história casual em um universo cativante, Hyuga prova que a criatividade pode encontrar caminhos mesmo nas rotinas mais ordinárias. E que, por trás de grandes personagens, muitas vezes há autores que nunca imaginaram chegar tão longe.