
Número de mortos chega a 55 após incêndio em complexos residenciais de Hong Kong
Um incêndio de grandes proporções atingiu vários arranha-céus de um complexo residencial em Hong Kong e deixou 55 mortos e 61 feridos, segundo autoridades locais. O fogo começou na tarde de quarta-feira (26), no horário de Hong Kong (madrugada no Brasil), e se espalhou rapidamente entre os edifícios. O incidente, classificado no nível cinco — o mais alto da escala — tornou-se o incêndio mais mortal registrado na cidade em três décadas.
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Nesta quinta-feira (27), o Corpo de Bombeiros segue atuando no resgate das vítimas, onde ainda é possível ver fumaça saindo de alguns prédios do complexo, que possui oito torres. Quase 300 pessoas continuam desaparecidas, muitas delas presas nos edifícios, segundo autoridades de Hong Kong. Em coletiva de imprensa, foi informado que 51 pessoas morreram no local e outras quatro no hospital. Dezenas de vítimas seguem internadas, sendo 45 em estado crítico. Os feridos apresentam queimaduras e lesões provocadas pela inalação de fumaça.

Incêndio em Hong Kong tem indícios de negligência conforme investigações
Uma investigação sobre as causas do incêndio segue em andamento, mas autoridades acreditam que o fogo se espalhou rapidamente por conta das telas de construção verdes e dos andaimes de bambu usados em reformas no complexo. A velocidade com que as chamas avançaram foi considerada “incomum”, e a polícia informou que as telas não atendiam aos padrões de segurança contra incêndios. Três pessoas foram presas sob suspeita de homicídio culposo: dois diretores de uma construtora e um consultor de engenharia.
“Temos motivos para acreditar que os responsáveis da empresa foram extremamente negligentes, o que levou a este acidente e fez com que o incêndio se alastrasse descontroladamente, resultando em um grande número de vítimas”, disse Eileen Chung, superintendente da polícia de Hong Kong .
Nesta quinta-feira, a polícia realizou buscas no escritório da Prestige Construction & Engineering Company, responsável pelas reformas no Wang Fuk Court, segundo a Associated Press (AP News). Segundo a imprensa local, caixas de documentos foram apreendidas como parte da investigação.
O Wang Fuk Court, localizado no distrito de Tai Po, foi construído em 1983 e possui cerca de dois mil apartamentos, abrigando aproximadamente 4,6 mil moradores, conforme censo governamental de 2021. O complexo tem oito torres, cada uma com mais de 30 andares. Entre as vítimas do incêndio está um bombeiro de 37 anos que atuava no combate às chamas; outros integrantes da corporação também ficaram feridos durante a operação. Uma porta-voz dos bombeiros afirmou que havia “muita preocupação” com a alta temperatura dentro dos prédios, o que dificultava o acesso das equipes de resgate e a localização das vítimas.
O início do incêndio
O Departamento de Bombeiros informou ter recebido o chamado às 3h51 (horário de Brasília), 14h51 no horário local. Centenas de agentes foram mobilizados para combater o fogo e resgatar vítimas. A mídia local relatou que explosões foram ouvidas dentro dos prédios e as mangueiras não conseguiam alcançar facilmente os andares superiores.
Horas após o início da operação, o alerta foi elevado para o nível 5, o mais alto da escala de incêndios. Outros 400 policiais também foram acionados, segundo o governo. O Departamento de Transportes de Hong Kong comunicou que uma seção inteira da rodovia de Tai Po foi fechada devido ao incêndio, e linhas de ônibus foram desviadas. Harry Cheung, morador do bloco dois do Wang Fuk Court há mais de 40 anos, contou a uma agência de notícias que ouviu “um barulho muito alto” por volta das 14h45 e viu as chamas tomarem um bloco próximo:
“Imediatamente voltei para arrumar minhas coisas. Eu nem sei como me sinto agora. Só estou pensando em onde vou dormir esta noite, porque provavelmente não vou conseguir voltar para casa.”

Jason Kong, morador do bloco um do Wang Fuk Court, tentou entrar na torre para resgatar o cachorro quando o fogo começou a se intensificar, mas foi impedido pela polícia, que já havia isolado dois quarteirões ao redor do complexo. A área foi interditada como medida de segurança diante da rápida propagação das chamas:
“Recebi uma mensagem por volta das 15h de que o telhado estava em chamas. Depois, começou a se espalhar muito rápido. Espalhou-se num piscar de olhos. Eu moro no bloco um. Achei que o fogo do bloco três não se propagaria tão depressa. Estou devastado. Tenho tantos vizinhos e amigos. Não sei mais o que está acontecendo… Como vamos lidar com isso?”
Hong Kong possui um histórico de incêndios de grande impacto, onde o mais grave ocorreu em 1996, quando 41 pessoas morreram após um fogo iniciado durante um serviço de soldagem em reformas internas. A tragédia levou à revisão das normas de construção e das regras de segurança contra incêndios em prédios altos. O uso de andaimes de bambu, tradicional na arquitetura chinesa há séculos, permanece comum devido à leveza, resistência e rapidez na montagem, porém, essa prática vem sendo reduzida após registrar 22 mortes de trabalhadores entre 2019 e 2024.
Segundo uma associação de vítimas de acidentes industriais, ao menos três incêndios envolvendo estruturas de bambu foram registrados neste ano. Em março, o Departamento de Desenvolvimento do Governo já avaliava substituir gradualmente o bambu por estruturas metálicas para aumentar a segurança nos canteiros de obras.
Foto Destaque: Cidadão de Hong Kong próximo ao complexo de prédios que pegou fogo na última quarta-feira (26). Reprodução/X: @hkfp