
To Be Hero X não deve ser comparado com animes de heróis
O donghua To Be Hero X, dirigido por Li Haoling, estreou em abril de 2025 e rapidamente chamou atenção por sua abordagem ousada e original. A série explora uma sociedade centrada em heróis, tema comum em animes, mas apresenta uma leitura única, desconstruindo clichês com profundidade e crítica social. Naturalmente, o público passou a compará-la com títulos como My Hero Academia e One Punch Man.
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Comparações que ignoram individualidade
Essas comparações, no entanto, ignoram diferenças fundamentais. To Be Hero X apresenta um mundo próprio, com regras, estruturas e dilemas sociais distintos das outras obras citadas My Hero Academia, por exemplo, foca em heróis com poderes inatos e um sistema educacional formal. Já One Punch Man satiriza o gênero com força desproporcional e humor ácido. Nenhuma dessas séries compartilha da crítica direta ao culto à imagem e à mercantilização extrema dos heróis como visto em To Be Hero X. Essas abordagens evidenciam narrativas muito diferentes entre si.
Cada obra oferece uma interpretação exclusiva sobre o que significa ser herói. Por isso, comparar To Be Hero X com outros animes reduz seu impacto e originalidade. As comparações apagam nuances importantes, criam falsas expectativas e desvalorizam as intenções criativas dos autores. É essencial analisar essas histórias sob suas próprias propostas e universos.
As três obras compartilham apenas um ponto em comum: o foco em mundos onde heróis são o centro das histórias. No entanto, suas estruturas narrativas, regras sociais e abordagens temáticas são completamente distintas. Comparar essas obras cria expectativas equivocadas e desvaloriza os méritos únicos de cada uma.

Por que comparar To Be Hero X com outros animes é um erro
To Be Hero X é um donghua original chinês, dirigido por Li Haoling, enquanto as outras séries são animes japoneses adaptados de mangás. Essa diferença cultural e de origem influencia diretamente as escolhas narrativas e o desenvolvimento dos personagens. Enquanto os animes japoneses seguem convenções estabelecidas do gênero shounen, a obra constrói uma crítica mais ácida e reflexiva.
Na série chinesa, o conceito de herói é determinado pela opinião pública, por meio do Valor de Confiança. Quanto mais a sociedade acredita no herói, mais poder ele adquire. Essa relação simbiótica entre reputação e força cria um mundo instável, onde a imagem é mais importante do que os feitos. O herói pode mudar fisicamente e psicologicamente com base em como é percebido.
Em contraste, My Hero Academia apresenta um sistema baseado em poderes inatos, conhecidos como “Peculiaridades”. Heróis são treinados, avaliados e licenciados por uma autoridade oficial. Já em One Punch Man, a força do herói vem do talento natural ou do esforço extremo, como no caso do protagonista Saitama. Nesses universos, a reputação influencia a carreira, mas não altera a essência do herói.
A comercialização dos heróis
Outro ponto marcante é a comercialização dos heróis. Em To Be Hero X, empresas gerenciam cada aspecto da imagem pública dos heróis, tratando-os como ativos de marketing. Erros de conduta, baixa aprovação ou crises de imagem podem levar à demissão imediata. O sistema é impiedoso, guiado por lucros e aparências. A pressão para manter-se relevante é constante e exaustiva.
Já em My Hero Academia, embora existam marcas e patrocínios, os heróis mantêm certa autonomia sobre suas ações e valores. Eles operam sob fiscalização governamental, mas com liberdade para agir de acordo com seus princípios. Em One Punch Man, a Associação de Heróis avalia o desempenho e organiza os rankings, mas não impõe o mesmo nível de controle corporativo.

Comparar essas obras ignora a profundidade cultural e crítica do donghua chinês. As três séries têm valores, tons e estruturas muito diferentes. Forçar paralelos entre elas reduz o impacto das mensagens individuais e enfraquece a experiência do público.
Foto destaque: Poster do anime My Hero Academia, o donghua To Be Hero X e o do anime de One Punch Man. Divulgação/Bones/BeDream/J. C. Staff.