
Ministro do Comércio vai a Washington para negociar taxa recíproca
O ministro do comércio Cheong In-kyo, partiu para Washington DC, nesta terça-feira (horário local), com o intuito de negociar a imposição da taxa “recíproca” de 25% sobre importações sul-coreanas, anunciada pelo presidente Donald Trump na última semana. A medida, que entra em vigor nesta quarta-feira (horário dos EUA), marca uma escalada nas tensões comerciais entre os dois países.
Durante a visita de dois dias, Cheong deve se reunir com o Representante Comercial dos EUA, Jamieson Greer, e outras autoridades. O ministro classificou a situação como “grave”, destacando que as empresas sul-coreanas — especialmente as que exportam ou operam nos EUA — enfrentarão impactos significativos, não apenas com as novas tarifas, mas também com tributos já existentes sobre aço, alumínio, automóveis e autopeças.
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O governo fará todos os esforços nas negociações para minimizar o impacto das políticas comerciais de Washington sobre as empresas e indústrias coreanas, declarou Cheong antes da viagem.
Além disso, em um comunicado divulgado na rede Truth Social, Donald Trump intensificou sua retórica contra Pequim, ameaçando impor uma tarifa adicional de 50% sobre produtos chineses caso a China não reverta um aumento de 34% em suas tarifas até esta terça-feira, 8 de abril. As novas sanções entrariam em vigor no dia seguinte.
Trump afirmou que todas as negociações com a China seriam encerradas caso não haja uma resposta imediata, ao passo que negociações com outros países interessados começariam “imediatamente”.
Coreia revive temores da ‘Segunda-feira Negra’
As tensões comerciais entre Coreia do Sul e Estados Unidos provocaram forte turbulência nos mercados asiáticos. O índice KOSPI despencou 5,57%, encerrando a sessão em 2.328,20 pontos, enquanto o Kosdaq caiu 5,25%, registrando sua maior perda desde a “Segunda-feira Negra” de agosto de 2024. Foi a quarta queda consecutiva dos principais indicadores da bolsa sul-coreana.

A moeda local também sofreu forte impacto: o won coreano desvalorizou-se para 1.467,8 por dólar, na maior queda desde março de 2020, durante a pandemia. A volatilidade forçou a ativação do mecanismo de “sidecar”, que suspende temporariamente negociações em casos de oscilações abruptas. Especialistas alertam para o risco de uma queda ainda mais severa, comparando à crise financeira global de 2008.
Entre as ações mais penalizadas estão as de grandes exportadoras como Samsung Electronics, que recuou 5,17%, SK Hynix (-9,55%) e Hyundai Motor (-6,62%). Empresas voltadas ao mercado interno também sofreram: o KB Financial Group caiu 6,95% e a Samsung Life Insurance, 4,2%.
Entenda o que é a taxa “recíproca” anunciada pro Trump
As taxas recíprocas, anunciadas na última quarta-feira (2) pelo presidente Donald Trump, visam igualar os percentuais cobrados por outros países sobre produtos norte-americanos. A medida impõe tarifas que variam entre 10% e 50% sobre uma ampla gama de importações, afetando diretamente parceiros comerciais estratégicos.

Segundo o governo norte-americano, a aplicação inicial será de 10% que entrou e, vigor no último sábado (5), com aumentos adicionais previstos para a próxima quarta-feira (9) em determinados casos. Ao justificar a decisão, Trump afirmou que essa ação “deveria ter sido tomada há muito tempo”, classificando as barreiras estrangeiras como “injustas” e descrevendo as tarifas recíprocas como uma forma “gentil” de retaliação.
Além disso, o presidente norte-americano tem utilizado a política tarifária como uma estratégia central para reequilibrar o comércio global e proteger a indústria nacional. Anteriormente, Trump já havia imposto tarifas abrangentes de 25% sobre setores como o aço e o alumínio. Agora, com a nova rodada de medidas, ele promete também atacar o déficit comercial e contribuir para a redução da dívida pública dos EUA.
Foto destaque: Ministro do Comércio a caminho de Washington para negociar taxa recíproca. (Im Se-joon/The Korea Herald)