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Diretor Kim Jee-woon fala sobre crise do cinema e estreia de "Na Teia da Aranha" no Brasil

Diretor de “Na Teia da Aranha” fala sobre o filme e cinema pós-pandemia

Durante uma coletiva de imprensa sobre o filme “Na Teia da Aranha” realizada no Reag Belas Artes, em São Paulo, nesta quarta-feira (11), o diretor Kim Jee-woon, falou um pouco sobre o processo de produção do longa, cinema atual, sua visão como cineasta e sua luta para conseguir manter a sétima arte ainda viva na Coreia do Sul. O longa estreia nesta quinta-feira (12) nos cinemas do Brasil.

Ao ser perguntado como a arte pode voltar a ajudar a população novamente em momentos de crise, ao citar os filmes “Na Teia da Aranha” e “A Era da Escuridão”, devido ao contexto histórico que ambos possuem; o diretor falou que não se considera uma pessoa muito consciente quando se trata de história e que curiosamente essas obras possuem roteirista, mas que ele adaptou segundo o seu olhar como diretor, estilo e interpretação no momento da gravação. Ele finaliza dizendo que quando se tem esses grandes marcos na história e crises é importante olhar para trás e buscar aonde mais se pode aprender e quais são os significados desses tempos no passado.

Diretor Kim Jee-woon fala sobre crise do cinema e estreia de "Na Teia da Aranha" no Brasil
Diretor Kim Jee-woon (Foto/Maria Emanuelle /Korean Magazine BR)

O crítico do filme, Oh, também estava presente e foi perguntado sobre a onda de filmes coreanos que vem gerando interesse global, ele fala que em geral o cinema coreano está passando por transformações. “O cinema vai sobreviver, mas a dúvida que muitos cineastas jogam e refletem é sobre: ‘a gente vai conseguir fazer cinema que é cinema de verdade? Vai sobreviver?’; acho que é isso, existe uma luta e resistência a isso, será que a gente conseguiria proteger essa arte do cinema?”.

Ele finaliza dizendo que o diretor Kim é um desses diretores que está ativamente trabalhando e refletindo sobre esses questionamentos e por isso tentamos trazer ele para o Brasil, junto com outros cineastas.

Diretor Kim Jee-woon fala sobre crise do cinema e estreia de "Na Teia da Aranha" no Brasil
Crítico Oh (Foto/Maria Emanuelle /Korean Magazine BR)

Fazer cinema nos dias atuais

O KMBR perguntou sobre o que significa para o diretor fazer cinemas nos dias atuais onde existem muitas plataformas digitais e os riscos nos bastidores da indústria coreana. Ele falou que um dos motivos que o motivou a fazer o filme “Na Teia da Aranha” foi a situação pós-pandemia que o mundo do cinema enfrentou e enfrenta até hoje, e que a ansiedade pelo o que estava vir e a crise que o cinema enfrenta na Coreia; ele quis lembrar as pessoas que o país passou por outras crises e que o cinema se reinventou e vem se reinventando a todo momento.

Sobre as plataformas digitais, o diretor Kim fala que: “A gente vê que as plataformas cada vez mais crescem com uma força e um poder cultural; e que ela está se tornando um mercado também. A gente continua questionando, sobre as formas os métodos de sobrevivência do cinema, eu também faço parte disso, junto com outros colegas produtores e diretores. Acho que a gente tem que realmente trazer novas soluções para isso.”.

Quebra da 4ª parede em “Na Teia da Aranha”

Por fim, o diretor Kim foi questionado sobre em que momento o personagem principal deveria encarar o público e quebrar a quarta parede, ele fala que é até uma pergunta filosófica “a quarta parede”, ele continua dizendo que talvez não pudesse ser quando o personagem principal derruba o seu espirito artista que é muito sobre o desejo pessoal. “Ele só fica focado, esse ego cai e talvez não seria a cena em que ele fica totalmente envolto, somente e unicamente no processo criativo?”.

Ele continua questionando que essa quarta parede não pode ser quebrada na cena do incêndio, pois se trata de um trauma pessoal para o personagem, pois é o momento de partida, onde existe toda a tensão, toda a equipe, se tornando o momento mais sensível. O diretor Kim, continua dizendo que acredita ser esse momento, onde ele perde o seu ego e se envolve totalmente na arte que cria, onde pequeno detalhes, sentimentos ficam mais aparentes. Ele finaliza dizendo que é como se a obra floresce, pois é o momento que ele elimina o seu eu, como pessoa, e está presente apenas como artista.

Ao final da coletiva, o diretor Kim agradeceu a presença e o momento que teve com todos e que está animado para ver como o público brasileiro vai reagir à “Na Teia da Aranha”; e que espera que todos possam participar na amostra de filmes coreanos que será realizado em São Paulo, junto com o Centro Cultural Coreano.

Foto destaque: diretor Kim e crítico Oh durante coletiva de imprensa do filme “Na Teia da Aranha” (Maria Emanuelle/Korean Magazine BR)