
Justiça da Coreia do Sul inicia julgamento criminal de Yoon Suk Yeol
A Justiça sul-coreana começou a julgar o ex-presidente Yoon Suk Yeol nesta segunda-feira (14), em Seul, por suspeita de liderar uma tentativa de insurreição ao decretar estado de lei marcial no fim do ano passado. O julgamento ocorre apenas dez dias após sua destituição oficial do cargo, em uma decisão que encerrou seu mandato de forma inédita. A Corte Constitucional removeu Yoon do poder em 4 de abril e, desde então, ele se tornou o primeiro presidente do país formalmente acusado e detido ainda no cargo. Ele agora integra a lista de cinco ex-mandatários que enfrentaram processos criminais no país.
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A equipe de segurança presidencial organizou um forte esquema para levá-lo ao tribunal às 9h48 (KST). Yoon entrou por uma garagem subterrânea, longe das câmeras e do público, atendendo a um pedido da equipe de segurança presidencial. A entrada discreta visava evitar protestos e garantir a integridade do ex-presidente. Vestindo um terno azul-escuro com gravata vinho, Yoon seguiu diretamente para o banco dos réus.

Contudo, o tribunal proibiu registros de imagem ou vídeo durante a sessão, restringindo o acesso da imprensa. O tribunal também reforçou o controle de acesso de veículos nos arredores. Durante a audiência, o ex-presidente falou por cerca de 40 minutos, respondendo às acusações uma a uma. Ele defendeu que sua decisão de declarar lei marcial foi pacífica e que o objetivo era pressionar parlamentares oposicionistas a colaborar com o governo.
Defesa de Yoon Suk Yeol nega insurreição e contesta nomeações
Yoon negou que tenha preparado o estado de exceção ao nomear o então ministro da Defesa, Kim Yong-hyun. De acordo com ele, essas atribuições sempre estiveram a cargo da divisão de lei marcial do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas.
“É absurdo me acusar de insurreição por algo que revoguei horas depois do pedido da Assembleia Nacional”, disse. Para a defesa, o decreto de emergência foi apenas uma estratégia para garantir estabilidade política temporária, sem ações concretas contra o Parlamento ou contra cidadãos.
Além disso, o advogado Yoon Kap-keun reforçou que seu cliente nega todas as acusações. “Se declarar uma lei marcial emergencial for considerado insurreição, qualquer medida preventiva poderia ser criminalizada. Isso é um desvio jurídico grave”, argumentou o defensor.
Segurança reforçada e expectativa de protestos
Diante da tensão política e do histórico do caso, o tribunal adotou medidas extraordinárias de segurança. Apenas veículos de serviço tiveram acesso ao local até a meia-noite, numa tentativa de evitar tumultos ou manifestações inesperadas durante o julgamento. Assim, o caso reacendeu debates sobre os limites do poder presidencial e o papel das instituições democráticas na Coreia do Sul.
Nos próximos dias, estão previstas novas sessões com oitiva de testemunhas e análise de documentos oficiais relacionados à decretação da lei marcial. A expectativa é de que o julgamento se prolongue por semanas, podendo influenciar o cenário político sul-coreano a médio prazo. Por outro lado, a defesa espera reverter as acusações, enquanto a promotoria vê no caso uma oportunidade de reafirmar os limites legais do poder executivo.
Foto Destaque: Yoon Suk Yeol, ex-presidente da Coreia do Sul. Divulgação/AFP