
Mercado asiático entra em colapso com tarifa de 104% dos EUA contra China
As principais bolsas de valores da Ásia registraram quedas acentuadas nesta quarta-feira (9), após os EUA confirmarem a elevação da tarifa de importação contra a China para 104%. A medida, anunciada na véspera pela Casa Branca, entrou em vigor no mesmo dia e provocou forte instabilidade nos mercados internacionais.
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Às 22h30 (horário de Brasília), índices importantes como o Hang Seng, de Hong Kong, e o CSI 1000, da China, já despencavam. As perdas ultrapassaram os 5% em alguns casos, com reflexos imediatos sobre bolsas da Europa e de Nova York.

Reação imediata dos mercados asiáticos
A decisão de Washington foi tomada após o governo chinês manter sua postura de retaliação comercial, ignorando o prazo estipulado pelo presidente Donald Trump para um possível recuo. O resultado foi uma fuga generalizada de investidores de ativos de risco na região asiática.
O índice Hang Seng caiu 4%, enquanto o CSI 1000, que reúne pequenas e médias empresas chinesas, recuou 5%. No Japão, o Nikkei 225 registrou queda de 3,65%, e o sul-coreano Kospi perdeu 1,02%. Assim, a disparada das tarifas aumentou o temor de uma guerra comercial prolongada entre as duas maiores economias do mundo.
Nova escalada no conflito tarifário
O pacote tarifário anunciado por Trump é parte de um plano mais amplo de “tarifas recíprocas” contra países com os quais os EUA mantêm déficit comercial. A ofensiva começou no início de abril, com taxas adicionais sobre produtos de 180 nações.
A China foi o principal alvo das medidas. Em 2 de abril, Trump já havia imposto uma tarifa extra de 34% aos produtos chineses, elevando a alíquota total para 54%. Em resposta, Pequim anunciou a mesma taxa sobre mercadorias americanas. A partir desta quarta, com nova retaliação chinesa, Washington aumentou as tarifas em mais 50%, alcançando o patamar inédito de 104%.
Especialistas apontam que esse nível de tributação praticamente inviabiliza boa parte das importações vindas da China, impactando diretamente setores industriais e logísticos nos EUA e em seus parceiros comerciais.

Bolsas dos EUA e big techs também sentem o impacto
A repercussão negativa da medida foi imediata em Wall Street. O índice S&P 500 recuou abaixo dos 5.000 pontos, marca que não era ultrapassada desde o primeiro semestre do ano anterior. Só nesta terça-feira (8), as bolsas americanas perderam US$ 852 bilhões em valor de mercado.
Desde a posse de Trump, em 20 de janeiro, a queda acumulada ultrapassa US$ 10,8 trilhões. As sete maiores empresas de tecnologia do país — Apple, Microsoft, Nvidia, Amazon, Alphabet (Google), Meta (Facebook) e Tesla — foram as mais afetadas. Juntas, elas perderam US$ 320 bilhões em um único dia.
Ao longo de 2024, esse grupo já viu seu valor de mercado diminuir em US$ 4,55 trilhões, um sinal claro de que o mercado vê riscos reais na atual política comercial do governo.
Guerra comercial preocupa investidores globais
O agravamento da disputa entre Washington e Pequim eleva o risco de um ciclo prolongado de retaliações comerciais, com efeitos em cadeia na economia global. A tensão afeta diretamente cadeias de produção e abastecimento, além de aumentar a incerteza em setores estratégicos como tecnologia, manufatura e commodities.
Na terça-feira (8), ainda havia expectativa de moderação após Trump declarar que acreditava em um acordo com os chineses. No entanto, a imposição da tarifa máxima mostra que o governo dos EUA decidiu endurecer o jogo.
A China, por sua vez, afirmou que seguirá respondendo às tarifas americanas, mesmo reconhecendo que “em uma guerra comercial não há vencedores”. A sinalização de Pequim é de que novas medidas poderão ser anunciadas nos próximos dias, elevando ainda mais a tensão entre os países.

Economia global em alerta após tarifa de 104% dos EUA contra China
Para analistas do mercado financeiro, o cenário indica instabilidade prolongada nos mercados acionários e uma possível desaceleração do crescimento global. Além disso, a guerra tarifária já começa a afetar projeções de PIB (Produto Interno Bruto) para 2025, especialmente nas economias exportadoras da Ásia.
Países como Coreia do Sul, Vietnã, Taiwan e Japão, que mantêm forte integração produtiva com a China, também devem sofrer impactos. O mesmo vale para empresas multinacionais americanas com operações na Ásia, que terão custos operacionais elevados e maior dificuldade para manter margens de lucro.
No curto prazo, a expectativa é de que os mercados permaneçam voláteis, com investidores buscando ativos mais seguros, como ouro e dólar. A escalada das tarifas pode ainda provocar revisões nas políticas monetárias de bancos centrais, especialmente caso a inflação volte a subir com o aumento dos preços dos produtos importados.
Foto Destaque: bolsa de valores. Divulgação/I-Hwa Cheng/AFP