
Declaração da futura primeira-ministra do Japão gera incertezas nas relações com a Coreia
Sanae Takaichi, futura primeira-ministra do Japão, chamou atenção por suas declarações. Nacionalista e conservadora, a nova líder eleita no Partido Liberal-Democrata (PDL) levanta preocupações entre autoridades coreanas devido à sua postura política. Ela apoia políticas fiscais expansionistas e manifesta interesse em revisar a constituição pacifista do pós-guerra. Além disso, defende opiniões de direita que podem afetar as relações com países vizinhos, que, nos últimos anos, vinham sendo cultivadas em bons termos.
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Sobre questões históricas, a líder do partido criticou ex-líderes que pediram desculpas pela ocupação japonesa na Coreia e em outras nações asiáticas entre o período de 1910 e 1945. Ela apoiou a visita de políticos ao Santuário Yasukuni, local onde são homenageados os mortos da guerra japonesa. Em entrevista, ela afirmou que o Japão deveria estabelecer estruturas em Dokdo, ilhas sob controle coreano que, em território japonês, são chamadas de Takeshima.

Fonte: divulgação/Yonhap
Quando questionada pela mídia local se prestaria homenagens ao santuário, Sanae respondeu que faria um julgamento apropriado. A mídia japonesa noticiou que ela está considerando não visitar o santuário durante o festival de outono, uma notória mudança de postura da política, já que é considerada uma frequentadora regular do local.
Santuário Yasukuni
O santuário xintoísta foi construído pelo Imperador Meiji em 1869, em Tóquio, próximo ao atual Palácio Imperial, para homenagear os eirei, espíritos daqueles que morreram nas guerras civis de 1853. O nome Yasukuni significa “preservar a paz para toda a nação”.

Com isso, o objetivo original do santuário era promover a paz dentro da nação e cultivar uma sociedade pacífica. Um santuário xintoísta não possui sepulturas, jazigos ou restos mortais de humanos em seu terreno. Dessa forma, há a consagração de espíritos por meio de rituais religiosos.
Indivíduos que morreram desde 1853 a serviço do Japão são consagrados. Cerca de 2,5 milhões de almas foram nomeadas no santuário, incluindo 14 criminosos japoneses de guerra Classe A, responsáveis por planejar e iniciar a Segunda Guerra Mundial. O santuário é considerado, tanto pela China quanto pela Coreia, como um símbolo do militarismo e do imperialismo japonês do período entre guerras.
A futura primeira-ministra
Sanae Takaichi, nova líder do Partido Liberal Democrata (PLD) e com 64 anos, pode se tornar a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra do Japão. Ela é ex-ministra, apresentadora de TV e fã de Margaret Thatcher, ex-primeira-ministra do Reino Unido, que defendia ideias conservadoras. A líder política enfrentará desafios para unir internamente o partido e é protegida pelo falecido ex-líder Shinzo Abe, assassinado em 8 de julho de 2022.

Foto: Kim Kyung-Hoon/Pool/REUTERS
Além de pedir por uma revisão da postura pacifista do Japão, Sanae se opõe à legislação que permite às mulheres manterem seus nomes de solteira após o casamento, afirmando que seria contra a tradição. Ela também se posiciona contrária aos casamentos homoafetivos. A votação no Parlamento, que escolherá o sucessor do atual primeiro-ministro Shigeru Ishiba, está marcada para o dia 15 de outubro e pode colocar, pela primeira vez, uma mulher no cargo.
Foto Destaque: Sanae Takaichi: Divulgação/AP